quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tempo da Quaresma


            O Tempo da Quaresma vai da 4ª Feira de Cinzas até a Missa da ceia do Senhor, exclusive. É o Tempo para preparar a celebração da Páscoa do Senhor. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do Tempo Quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, n. 109).

Anotações:

1.      Durante este Tempo, é proibido ornar o altar com flores; o toque de instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o Domingo Laetare (4 Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas.

2.      A com do tempo é roxa. No Domingo Laetare, pode-se usar cor-de-rosa IGMR, n. 308f).

3.      Em todas as Missas e Ofícios (onde se encontrar), omite-se o Aleluia.

4.      Nas solenidades e festas somente, como ainda em celebrações especiais, diz-se o Te Deum  e o Glória.

5.      As memórias obrigatórias que ocorrem neste Tempo podem ser celebradas como memórias facultativas (cf. Anotações gerais 2. 4). Não são permitidas missas votivas.

6.      Na celebração do Matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, deve-se sempre dar a bênção nupcial; mas admoestam-se os esposos que se abstenham de demasiada pompa.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

            A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove este ano, durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade, cuja finalidade principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma. A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse Tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola.

            Neste ano, o Tema da Campanha é: “Fraternidade e Saúde Pública”, e o Lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38, 8).

            Notas para a Quarta-Feira de Cinzas:

1.      Dia de jejum e abstinência.

2.      Na Missa, depois do Evangelho e da homilia, se benzem e impõem as cinzas feitas de ramos de oliveira ou outras árvores, bentos no Domingo de Ramos do ano anterior. O ato penitencial se omite.

3.      A bênção e imposição das cinzas também podem ser feitas sem Missa; neste caso, oportunamente, precede uma Liturgia da Palavra, aproveitando o canto de Entrada, a Coleta e as leituras da Missa com seus cantos; depois da homilia, são bentas as cinzas e impostas, e o rito termina com a oração dos fiéis.

QUALIFICAÇÃO SIMBÓLICA E LITÚRGICA
1 - A palavra "Quaresma" vem do latim "quadragésima", isto é, "quarenta", e está ligada a acontecimentos bíblicos, que dizem respeito à história da salvação: jejum de Moisés no Monte Sinai, caminhada de Elias para o Monte Horeb, caminhada do povo de Israel pelo deserto, jejum de Cristo no deserto etc.. Como se vê, é um tempo, pois, cheio de reminiscências bíblicas, o que dá mais ainda à liturgia uma profunda conotação com a história da salvação. Com a Quaresma tem início o ciclo da páscoa.
2 - Chamado, liturgicamente, de tempo de preparação penitencial para a Páscoa, a Quaresma, a exemplo também do Advento, tem dois momentos distintos: o primeiro vai da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Paixão e de Ramos, e o segundo, como preparação imediata, vai do Domingo de Ramos até à tarde de Quinta-Feira Santa, quando se encerra então o tempo quaresmal e se inicia o Tríduo Pascal.
3 - O tempo da Quaresma é tempo privilegiado na vida da Igreja. É o chamado tempo forte, de conversão e de mudança de vida. Sua palavra-chave é: "metanóia", ou seja, conversão. Nesse tempo se registram os grandes exercícios quaresmais: a prática da caridade e as obras de misericórdia. O jejum, a esmola e a oração são exercícios bíblicos de piedade, até hoje recomendáveis, na imitação da espiritualidade judaica. No Brasil, durante a Quaresma, realiza-se a Campanha da Fraternidade, com sua proposta concreta de ajuda aos irmãos, na vivência evangélica, focalizando sempre um tema da vida social. Dois sacramentos estão também na linha pastoral da Quaresma: o Batismo e a Penitência. Somos, pois, chamados a tomar consciência de nossa fé batismal, assumindo-a mais vivamente, como também a vivermos a dimensão penitencial de nossa vida sobretudo pelo sacramento da Penitência ou Confissão.

DOMINGOS DA QUARESMA
4 - Seis são os domingos da Quaresma, sendo o sexto já o Domingo de Ramos e da Paixão. Como no Advento, tem também a Quaresma o seu domingo da alegria, o 4º domingo, chamado "Laetare". A antífona de entrada na liturgia desse domingo, tomada de Is 66,10-11, vai dizer: “Alegra-te, Jerusalém”. Como no Advento a alegria do 3º domingo, chamado “Gaudete”, como que antecipa as alegrias natalinas, aqui podemos dizer que o domingo “Laetare” antecipa as alegrias pascais. Também, a exemplo do Advento, nesse domingo pode-se usar a cor rosa na liturgia.

AS CINZAS COMO SÍMBOLO LITÚRGICO NA QUARESMA
5 - As cinzas, na liturgia, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós símbolo de penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério Pascal de Cristo. Portanto, não têm sentido negativo. Não nos esqueçamos de que elas são fruto dos ramos benzidos na celebração do ano anterior, geralmente queimados (sacrificadas) na Quaresma, para o rito das cinzas. Na liturgia da missa, o rito da imposição das cinzas substitui o ato penitencial e, de acordo com o missal, é feito após a homilia.
6 - “A bênção e imposição das cinzas podem ser feitas sem Missa; neste caso, oportunamente, precede uma Liturgia da Palavra, aproveitando o canto de Entrada, a Coleta e as leituras da Missa com seus cantos; depois da homilia, são bentas as cinzas e impostas, e o rito termina com a oração dos fiéis” (Diretório Litúrgico).
PEQUENAS NOTAS SOBRE A ESPIRITUALIDADE QUARESMAL
7 - Como simples introdução à rica espiritualidade quaresmal, podemos dizer, entre outras notas, que:
a) - A Quaresma não é tempo negativo, como muitas vezes pensam os que vivem longe do Evangelho, mas tempo dinâmico, de renovação da vida e de volta aos valores da vida, tendo como meta definitiva o valor perene da páscoa eterna, na comunhão com o Senhor Ressuscitado.
b) - O importante, na Quaresma, não é, porém, aquilo que fazemos, mas o que deixamos Deus fazer em nós e por nós. É tempo de graça e de salvação (Cf. 2Cor 6,2), tempo, pois, de abrir espaço para Deus em nossa vida e, como conseqüência, abrir o coração para os nossos irmãos.
c) - Tudo na Quaresma, como na liturgia, tem sentido simbólico. Assim, o jejum e a abstinência de carne, por exemplo, não podem reduzir-se a mera redução ou abstenção de alimento, mas tal atitude deve acenar para uma vida sóbria, diante de tantas comodidades e prazeres que o mundo moderno e consumista nos apresenta. É a afirmação do “SER”, ontológico, diante do “ter”, do “poder” e do “prazer”, como procedeu Cristo no evangelho das tentações (1º domingo da Quaresma).
d) - Faz parte da espiritualidade quaresmal, e com grande ênfase, como no passado, a tomada de consciência da fé batismal, a qual se renova na 3ª parte da Vigília Pascal do Sábado Santo, como celebração solene.
e) - É preciso, pois, viver a Quaresma na espiritualidade evangélica, caminhando com Cristo rumo à Páscoa. Em outras palavras, é preciso fazer de nossa vida uma caminhada com Cristo para Jerusalém, assumindo a cruz de cada dia (Cf. Lc 9,23), para ser com ele crucificado e com ele ressuscitar no domingo da Páscoa, voltando ao seio do Pai, ao eterno “hoje” de Deus, ao “dia que não tem ocaso”.
AS LEITURAS BÍBLICAS DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
8 - As leituras bíblicas da Quarta-Feira de Cinzas são as mesmas para os ciclos de A, B e C. Portanto, são fixas, o que facilita a sua memorização. Ei-las:
Jl 2,12-18 - Rasgai os vossos corações, não as vossas vestes - Convite à conversão.
Sl 51(50), 2-4.5-6a.12-14+17 - Dai-me de novo um coração que seja puro.
2Cor 5,20-6,2 - Eis o tempo da salvação.
Mt 6,1-6.16-18 - As boas obras judaicas e ainda também nossas: esmola, jejum e oração.
9 - Vejamos um detalhe importante: a Quaresma dá início ao ciclo pascal, e o primeiro versículo da palavra de Deus em sua liturgia (Jl 2,12) é de apelo à conversão (“Retornai a mim de todo vosso coração...”). Podemos dizer que Deus já voltou a nós, agora é a nossa vez de voltarmos a ele, e para tal é ele que nos “suplica”, em misteriosa humildade, como se de nós dependesse: “Retornai a mim...” Entendamos, pois, o que já dissemos no início: a palavra-chave na Quaresma é conversão.
O EVANGELHO DOS DOMINGOS DA QUARESMA
10 - Embora sejam riquíssimas as outras leituras bíblicas dos domingos da Quaresma, neste trabalho vamos deter-nos apenas no Evangelho, com sua temática própria e central na liturgia. No 1º e no 2º domingo da Quaresma, dos anos A, B e C, a temática do Evangelho é a mesma, mudando apenas o evangelista sinótico. Assim, no 1º domingo, sempre será o episódio da tentação de Jesus, ao passo que, no segundo, sempre vai voltar o tema da transfiguração do Senhor. Já no 3º, 4º e 5º domingo, vamos ter: no ano A, os chamados evangelhos catecumenais, isto é, aqueles de que se servia a Igreja primitiva para a preparação dos catecúmenos para o batismo na noite santa da Vigília Pascal, cuja temática traz relação com o batismo: a água viva, a luz e a vida. Já o evangelho dos mesmos domingos do ano B são de fundo cristológico, e os do ano C se voltam para o tema da conversão, como é próprio de Lucas. Vejamos suas perícopes bíblicas:
ANO A
1º domingo - Mt 4,1-11 - Tentação de Jesus - Ele vence a fome: de pão, de glória e de poder.
2º domingo - Mt 17,1-9 - A transfiguração de Jesus, certeza de nossa transfiguração.
3º domingo - Jo, 4,5-42 - A água viva - Amar a Deus em espírito e verdade.
4º domingo - Jo 9,1-41 - A cura do cego de nascença - Abrir-se para a luz.
5º domingo - Jo 11, 1-45 - A ressurreição de Lázaro - Eu sou a ressurreição e a vida.
ANO B
1º domingo - Mc 1,12-15 - Tentação de Jesus - Jesus é o novo Adão, vencedor da serpente.
2º domingo - Mc 9,2-10 - A transfiguração de Jesus - Filho querido de Deus.
3º domingo - Jo 2,13-25 - Anúncio da ressurreição - O novo templo de Deus.
4º domingo - Jo 3,14-21 - A exaltação de Cristo na morte - Passagem da morte para a vida.
5º domingo - Jo 12,20-33 - O grão de trigo que cai na terra deve morrer.
ANO C
1º domingo - Lc 4,1-13 - Tentação de Jesus - Cristo vence agora e vencerá depois.
2º domingo - Lc 9,28b-36 - A transfiguração de Jesus - Seu “êxodo” para a glorificação.
3º domingo - Lc 13,1-9 - As vítimas das catástrofes - Necessidade de conversão.
4º domingo - Lc 15,1-3.11-32 - A alegria do Pai na volta do filho pródigo.
5º domingo - Jo 8,1-11 - A mulher pecadora - A misericórdia do Pai.
11 - Dada a temática quaresmal do Evangelho, o 3º, 4º e 5º domingos dos anos A e B, e 5º domingo do ano C não são dos sinóticos, como seria normal no ciclo anual, mas de João, dado o caráter mais pascal do evangelho joanino.
DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO
12 - Como se explicou no início, o 6º domingo da Quaresma já dá início à Semana Santa, e sua liturgia é a mesma para todos os anos, exceto o evangelho, que será segundo o evangelista sinótico. Como o próprio nome indica, a celebração deste dia funde-se em dois aspectos fundamentais, que vão estar unidos e associados em todo o Mistério Pascal, ou seja, a paixão e a glória, a morte e a ressurreição, aspectos estes que, depois, vão transparecer mais ainda na liturgia do Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor.
13 - Na liturgia deste domingo, vamos ter, no início, a procissão de ramos, que lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. No início da procissão, fora, pois, da igreja, proclama-se o evangelho dessa entrada, segundo o evangelista do ano, na sua sensibilidade própria, benzem-se os ramos e realiza-se a procissão festiva até à igreja, onde então se dá continuidade à missa a partir já da oração dia, pois os outros ritos iniciais da missa foram substituídos pela procissão. Já na igreja, e no momento próprio do evangelho, é feita a narração da Paixão do Senhor, segundo o evangelista do ano, narração que é feita sem solenidade, isto é, sem a saudação ao povo, sem o sinal-da-cruz sobre o livro, sem o beijo, sem incenso e sem velas. Apenas se diz no fim: Palavra da salvação. Quando é feita por diácono, este pode pedir a bênção ao presbítero ou ao bispo. Na ausência de diácono, a Narrativa da Paixão pode ser feita por um leigo, reservando-se as palavras de Jesus ao presidente.
14 - Devemos ter em mente que, embora celebremos no 34º domingo do Tempo Comum a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, como que encerrando o Ano Litúrgico e o coroando, a verdadeira realeza de Cristo é celebrada principalmente no Domingo de Ramos e da Paixão.
PERÍCOPES BÍBLICAS DO DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO
15 - São dados aqui os textos bíblicos e, como se trata de uma única celebração, são colocadas também as demais leituras da Liturgia da Palavra. Eis os textos:
Evangelho da entrada triunfal em Jerusalém:
Ano A - Mt 21,1-11
Ano B - Mc 11,1-10
Ano C - Lc 19,28-40
Leituras da missa nos anos A, B e C:
1ª leitura: Is 50,4-7
3º canto do Servo de Javé - O profeta fiel - Paciência e confiança em Deus.
Salmo Responsorial: Sl 22(21),8.9.17-18a.19-20.23-24 –
Oração na tristeza e na desolação.
2ª leitura: Fl 2,6-11
A kênose de Cristo, seu despojamento e sua humilhação.
Narrativa da Paixão:
Ano A - Mt 26,14-27,66 ou 27,11-54 (abreviada)
Ano B - Mc 14,1-15,47
Ano C - Lc 22,14-23,56
Fonte: http://www.saovicentemartir.com.br/quaresma1.htm

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